domingo, abril 10, 2011

Ronaldo


Veja aqui a transcrição desse trecho da narração de Fiori Gigliotti

Os colegas corintianos "mais novos" (e os torcedores em geral) lamentam a "aposentadoria" [dos gramados] do ídolo Ronaldo, que seguirá no futebol "agenciando" (repatriando) colegas de alguns de seus metiês - veja

- Foi, realmente, um grande jogador, que qualquer apreciador(a) do futebol bem-jogado gostaria de tê-lo tido em seu ["capitalizado"] time...


Esse post talvez tenha um quê de "nostalgia adolescente" [embora já àquela época (embora timidamente) a forma que se vem pensando - e fazendo - futebol mudou (e vem mudando) muito, tornando-se globalizado, apátrida e marqueteiro além de "extremamente-profissional", sem falar na presença de beldades femininas, seja jogando, apitando, "reportando" ou comandando debates em emissoras de TV], mas, na verdade, o nome Ronaldo me remete a outro jogador, do "meu" Palmeiras de infância

Numa coisa as beldades - umas entendidas, outras mais oportunistas - hão de concordar - o futebol é infinitamente mais emocionante que novelas, se bem que muitas vezes são as novelas, programas de auditório e revistas masculinas que, no fundo, visam, ao utilizar a vitrine "futebol"

Renata Fun - a musa da Copa-2010

De fato, mesmo [ou melhor, principalmente] na beleza balzaquiana de terem passado dos 35 [e, em alguns casos, até dos 50] ainda joviais, a elas aqui-e-ali digo que sou "mais palmeirense" da época da 2ª Academia, de Ademir, Leivinha, Luis Pereira & Cia, que do alvi-verde a partir dos anos 80, quando sensivelmente diminuiu meu interesse [é que, com relação ao futebol, ainda acho possível conciliar futebol-arte com futebol-de-resultados] ...

A espinha-dorsal da 2ª Academia [faltou Dudu na foto]

- E, nessa linha, sou mais o Palmeiras do Periquito que o Palmeiras do Porco [no momento desse post, o Verdão é líder isolado do Paulistão-2011, mas, mesmo que não fosse, e daí?]; agora, com aquele Palmeiras [com o Verdão das Academias, na verdade] "não tinha perdão": o esquadrão montado e muito bem treinado por Oswaldo Brandão [o mesmo que três anos mais tarde tiraria o Timão da fila] não tinha adversários. Era de uma superioridade nítida e perspicaz.

[Só pra lembrar, em duas oportunidades o Verdão desbancou o Real Madrid, no Ramon de Carranza - veja no YouTube - e, de quebra, enquanto o Santos de Pelé tombava frente ao não menos poderoso Barcelona, de Cruyff e Neskeens (do reverenciadíssimo Carrossel Holandês da Copa de 74), lá estava o Palmeiras "de Ronaldo" faturando o Barça por 2 a 0, gols de Leivinha e dele, Ronaaaldo! - veja as súmulas]

"Criancices" à parte, a mim já é quase impossível falar da 1ª Academia, mas segundo conhecedores, testemunhas vivas [e a própria internet], o que ambas as equipes tinham em comum [para serem chamadas de Academia] era o estilo envolvente, o toque de bola refinado e a qualidade individual dos elencos...

Bem, a 2ª Academia tem proximidade com minha infância [se bem que com Ademir da Guia já a meio caminho mas, disparado, em sua melhor forma] e dessa posso falar, até pq lia diariamente o Estadão e JT que meu pai trazia do serviço [por conhecimento de almanaques e revivals de TV, o Verdão da 1ª Academia era o único time a fazer frente ao poderosíssimo Santos de Pelé, como na super-decisão do Paulista de 59, decidido em 1960 - Palmeiras 2 a 1 de virada (veja no YouTube) - e, já àquela época, antes mesmo da chegada do Divino, era Oswaldo Brandão o técnico por trás de tamanho feito (esse Brandão era mesmo "phóda", hein, merecia (e tem) uma taça, disputada a partir de 2009 no Derby)] - (Clique pra ver a data de chegada de alguns astros ao Verdão)

Mas, voltando ao nome Ronaldo - que poucos sabem ser primo do grande Tostão - há uma importante consideração a se fazer dele, tido, muitas vezes [de forma subestimada] como "apenas" o homem do gol-solitário da finalíssima do Paulistão-74 [como se só isso já fosse pouco]

Clique para ver a foto do voleio de Ronaldo
(Consta que depois do jogo, ele precisou sair escoltado!)

Sucede que substituindo César "Maluco" em gde parte da temporada de 74 [César estava suspenso por ter agredido um assistente, que, na época, além de não existir ainda os assistentes adicionais, era chamado de bandeirinha], Ronaldo foi, por baixo, decisivo nas duas finais daquele campeonato; na primeira partida, com participação ativa no lance do gol de Edu "Bala", e fazendo toda a jogada do gol decisivo na finalíssima, conforme se poderá constatar nos vídeos abaixo, o dos melhores momentos das duas partidas e o da jogada completa

Não se trata, definitivamente, de um "gol-achado" e sim construído, tal qual foi propositalmente apresentado na abertura desse post

Antes, o ainda mais interessante, é relembrar dos antecedentes e consequências que marcaram aquela mítica decisão, que literalmente "parou" SP, conforme relatos de Leivinha e Wladimir [vídeo abaixo]


Antecedentes e consequências da finalíssima do Paulistão-74,
os gols e as expectativas para a gde final em 22 de dezembro

[Ao rever esses vídeos, lembro (com precisão) como estava minha vida: as dificuldades, a perda abrupta e precoce da mãe, os novos colegas (a maioria corintianos) devido à mudança de bairro, etc] - fato normal pois se até a Leivinha, após tanto tempo [inclusive após quatro temporadas no Atlético de Madrid], as lembranças ocorrem com riqueza de detalhes

Leivinha e Luis Pereira já no Atlético de Madrid

- São realmente lembranças tão cristalinas, que toda vez que passo nos arredores do Pacaembu e Morumbi "viajo no tempo", ao mesmo tempo em que me situo que os apartamentos e colégios daquelas regiões (e não somente eles) estão conectados à net, inclusive com filho(a)s daqueles jogadores postando no YouTube ou participando de redes sociais - nada que disperse aquelas lembranças, afinal, qual palmeirense (mesmo não tendo vivido a época) não quer (ou gosta de) lembrar esse feito?



Nas duas finais, participações decisivas de Ronaldo



Detenha-se na movimentação de Ronaldo na jogada completa:
ainda no campo do Palmeiras, ele recebe a bola após o duelo de
Luis Pereira e Rivellino e avança, servindo - na sequencia - Jair
Gonçalves, indo posicionar-se para receber o passe de Leivinha
[ No 1º vídeo, a narração: "...Ronaldo abriu na ponta a Jair..." ]



Externas e internas do Morumbi naquele 22-Dez-1974
(saudade das bandeiras & rojões nos estádios paulistanos)

Corrija - no vídeo acima - as seguintes informações: a data da final é 22/Dez e o lateral-direito é Jair Gonçalves [os dados e escalações apresentados são os da partidar anterior, ocorrida no Pacaembu]

Como curiosidade, observe, no momento das entrevistas, a presença de Faustão [o próprio, do Perdidos na Noite e do Domingão do Faustão] como repórter de campo, época em que trabalhou no JT

Tamanho foi o fuzuê na cidade que uma das consequências mais marcantes foi a saída em definitivo de Rivellino do Timão, tido como "culpado" pela perda do título - com o devido respeito, mais uma burrada da diretoria corintiana, à época encabeçada pelo folclórico presidente Vicente Matheus

Tanto que, logo no primeiro jogo de Riva contra seu ex-time, uma atuação de gala, três golaços e ...

... os sinceros pêsames a parte dos colegas corintianos, que só sairiam da fila em 1977, "maldição" que, [não tão] curiosamente [assim], reverteu pros lados do Palmeiras [previsível, com os tantos times medíocres que teve na década de 80], só vindo a resgatá-lo novamente em cima do rival, em 1993 - mas essa já é uma outra história, que fica prum eventual próximo post

[Vendo com outros olhos - sou capaz (por mim mesmo, pelo que passei) de entender a frustração corintiana daquele momento, se bem que tão logo o Palmeiras entrou no ostracismo de títulos, fui bastante hostilizado por parte de colegas corintianos (e "emergentes" sãopaulinos nos anos 90) e, posso testemunhar, é bastante humilhante - visto com isenção, por outro lado, nem teria como o Palmeiras fazer diferente, mas, quem viveu uma adolescência sentindo-se escorraçado, talvez entenda o que quero dizer, mas, como dizem, "faz parte": mal sabia que por apreciar o futebol-arte, mais tarde - por anos - pagaria o pato]


Aqui, o momento em que chega ao fim o jejum palmeirense
[Curiosamente, nesse jogo, um outro "Ronaldo" presente]


Mas, voltando... Abaixo, a versão de Rivellino:


O grande Riva explica pq acabou escorraçado do Timão



Na estréia - e contra seu ex-clube, num amistoso - 3 golaços

Segundo alguns, o Palmeiras teve tb uma 3ª Academia [ainda na época da Parmalat]; o Palmeiras dos Mais-de-Cem-Gols [o revival da camisa pode ser vista nesse twittie]

Nessa época, a presença feminina nos gramados e no entorno do futebol estava ainda mais pronunciada: um atrativo [e que atrativo!] a mais para os amantes do futebol bem jogado [e bem apitado, bem comentado etc]

Num Palmeiras e Coríntians, Ana Paula, então assistente,
comunicou ao juíz (pelo pto eletrônico) que deveria anular um gol
do Timão e assim ele fez, voltando de sua marcação [clique na foto]

Cometeu ela "erros crassos"? OK - Mas, o que dizer dos erros do Sr Armando Marques?

[Saiba como está Ronaldo Drummond hoje, em recente entrevista ao blog FTT]

Reveja - nesse twittie - relatos de protagonistas daquela final

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