
Onde eu estava?
08 de dezembro de 1980
A data é tão inesquecível qto traumática - 08 de dezembro, madrugada do dia 09 aqui no Brasil.
E, para completar, pra mim, foi tb um divisor de águas (não exatamente no bom sentido), pois na melhor linha O SONHO ACABOU, já estava acertado que começaria a trabalhar em Janeiro do ano seguinte
Mas, onde (ou como) eu estava, naquele que seria o dia em que soube que JOHN LENNON TINHA MORRIDO!?

Antes, umas preliminares...
- Sou um desses fãs tardios, que curtiu Beatles alguns anos depois do conjunto desfeito, embora, privilegiada memória que sempre tive, lembrasse perfeitamente qdo Let It Be tocava nas rádios, em especial Excelsior e Difusora, ambas AM, aqui em São Paulo
Mas naqueles anos de adolescência eu parecia "viver de fato a beatlemania" pois acabara de chegar, fresquinho, às lojas o vinil THE BEATLES LIVE AT THE HOLLYWOOD BOWL, que mesclava um show de 1964 com dois de 1965 numa sonoridade estonteante, pra dizer o mínimo
Já vinha ouvindo muito Beatles por intermédio do meu gde amigo Cláudio, mais novo que eu, mas, justiça seja feita, meu inicializador "oficial" na "fissura"
À época era frequentador permanente de sua casa, pois simultaneamente a ter mudado de bairro, tinha há pouco perdido abrupta e traumaticamente a mãe, o que, naturalmente, me fazia ter mais identificação com LENNON, pelo que lhe havia acontecido em termos de perda de referencial materno
Por esse breve panorama, posso dizer que BEATLES pulsava forte e presente em mim naqueles dias
09 de dezembro de 1980 - uma terça feira ... Lembro que ouvi "vagamente" as primeiras notas emitidas pela Rede Globo, que interrompia a programação para dar a malfadada notícia. Sonado, achei que era algo rumoroso, que carecia de maiores dados. Fui dormir, apreensivo, confesso que com o coração apertado
Qdo na manhã ensolarada desse dia, cheguei à casa do amigo, o semblante do Claudio estava como o meu: EXTREMAMENTE PERPLEXO
"Se existia alguma chance do grupo, voltar, agora isso acabou de vez" - foi o comentário comum nosso, olhando fotos, revistas e ouvindo vinis dos Beatles
E ouvindo as rádios (e os próprios LPs dos Beatles), seguíamos estupefatos - COMO ISSO, DO NADA, PÔDE TER ACONTECIDO? NA PORTA DO EDIFÍCIO ONDE MORAVA?

Nesse dia, iria me ter com meu pai, logo mais à tarde, no médico do ESTADÃO, onde ele trabalhava - já havíamos combinado essa data antes
Como à época o JT sempre ia um pouco mais tarde às rotativas, foi praticamente o único jornal que noticiou SEM NECESSIDADE DE EDIÇÃO ESPECIAL (ou segunda edição) o acontecimento
TIROS. LENNON CAI. UM BEATLE VAI MORRER!
Foi no metrô que naquela tarde meu pai me colocava no colo o Estadão e o JT
Os pormenores sobre a tragédia inexistiam - as notícias continham os dados relevantes e essenciais
Tendo já voltado do médico, eu ainda demorei a cair em mim; as rádios falavam o tempo todo, programavam especiais.... Meu pai apenas dizia que não era o fim do mundo
Só que por uma semana as rádios tocavam Beatles à exaustão, como nunca antes
Matérias, especiais, depoimentos ....
É - O SONHO (TB PRA MIM) TINHA MESMO ACABADO
Foi uma sensação de perda tal qual havia experimentado com a morte da mãe, coisa de deixar a gente "realmente passado"
Desde então, jornalistas e "estudiosos" de Beatles dissecaram o ocorrido naquela fatídica noite
Em termos de internet, creio que dois dos relatos mais detalhados podem ser vistos em
http://www.bancariosrjes.org.br/site/artigos/2008/300506-johnlennon-sergiofarias.htm
http://www.thebeatles.com.br/john-66-anos.htm
Ambos de autoria de Sergio Farias
ou a própria matéria da Revista Veja, de 17 de dezembro de 1980
http://veja.abril.com.br/arquivo_veja/capa_17121980.shtml
ou, ainda, consultar a Wikipédia
Mas, voltando à minha sensação, com a cabeça assim ocupada e dividida com os "preparativos" para o primeiro (e desastroso) emprego, a chegada do Natal, Ano Novo eu demorei um tempo ainda pra aceitar o fato
Posso, sim, dizer que sei como é sentir a perda abrupta dum ídolo no calor da situação, em plena curtição (e os Beatles já haviam se separado há dez anos!)
Minha vida sofreria uma brutal inflexão ...
Sob essa ótica, o SONHO TINHA MESMO (DE NOVO!) ACABADO
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